quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Como ir de um trabalho razoável para uma perdição total.

Se você trabalha com direção de arte, em gráfica (sim, até quem trabalha em gráfica, ou principalmente), em uma agência de publicidade ou é apenas um designer. Isto é para você!

Recentemente (fato claro pelas fotos com temas natalinos), recebemos este job: "desenvolver uma arte para um outdoor". E lá fomos, e recebemos o outdoor publicado anteriormente pela empresa:

OBS.: Sim, estão com liquidify, para garantir a integridade da empresa.

1. Outdoor "original", o que já havia sido publicado na cidade:



Acima, vocês podem notar a originalidade, a utilização de multiplas fontes distintas e cores mil. Além, é claro, da regra básica: encher, preencher obrigatóriamente todo espaço em branco, por que branco, não, não é bom! (Sim, estou sendo sarcástico...)

Está uma porcaria.

2. Proposta 1, feita por mim. Não me acho bom, não. Acredito que tenho muito a aprender e aperfeiçoar. Mas a proposta abaixo, está melhor, ou não?



Acima, sobriedade. Afinal, trata-se de vender baterias automotivas para usuários comuns, a modelo em clima natalino (clichê), e informções melhores distribuidas. Mas, faltava algo. Mas, não tem como comparar com o outdoor 1, segundo o cliente "está muito parecido, não mudou quase nada!". Incrível, estou louco, por que acho que está muito diferente, não sei.

3. Versão 2: o que considero a melhor proposta. A que com certeza mandaria rodar:



Acima, a presença da segunda modelo fechando o cartaz, mais o reagrupamento das baterias e deslocamento da frase sobre motos, traz outra forma ao outdoor. O espaço em branco, proposital, para não haver elementos que tirem a atenção em relação à marca.

4. E o cliente começa a "meter do dedo":



Acima, molduras pretas, a pedido do cliente, pois "está muito branco". Na verdade ele havia pedido um fundo preto, fato que ofuscaria totalmente as fotos. Observação importante é que o outdoor não foi concebido em fundo preto, antes que alguem, metido a "bomzão" fale alguma coisa.

A partir deste ponto, a perdição total. Mas por que? em 90% das vezes, quando o cliente começa a pedir alterações, elas não tem fim. Neste momento alguns, de uma hora para outra, viram experts em direção de arte e design. É aí, neste ponto, que surgem os Franksteins.

5. Mais alterações, pedidas (quase que exigidas) pelo cliente:



Acima, sem comentários. O Frank, chegou, o carnaval chegou.

Ei, mas como você deixou chegar a este ponto???
Não deixei, a "agência" não é minha e sendo só um funcionário, sou sim, obrigado a cumprir com as ordens de superiores. O que ocorreu é uma clara forma de submissão, onde o cliente tornou-se, mesmo, o verdadeiro patrão. Neste meio, o cliente nem sempre tem razão, e na maioria das vezes nem sabe o que realmente quer. Neste momento precisamos nos impor, com educação e profissionalismo, deixando claro que os especialistas somos nós.

Jamais deixaria chegar a isso em freelas, isso nunca aconteceu. Por que? qual o problema afina? Você não estaria sendo pago?
Sim, estaria. O problema é a médio e longo prazo. Trabalhos ruins, portfólio ruim. Simples. Desta forma, quem está perdendo não é apenas o seu cliente (mesmo que ele não saiba disso), mas principalmente você. Nunca poderei colocar um serviço do nível em que foi aprovado (no caso deste outdoor) em meu portfólio.

A longo prazo, é tempo jogado fora...

PS.: não, não acho que a minha versão preferida estivesse incrível. Só que estava muito melhor do que a última, que foi aprovada.